Estudo Bíblico – 8
“... a igreja não é formada por uma reunião de pessoas que tenham as mesmas opiniões, mas sim por uma assembleia divina ...” (Barth 1958:136).
Uma opinião actual é que a igreja é formada quando pessoas com as mesmas crenças Cristãs se reúnam para adorar e receber instruções. Contudo, isto não é, estritamente falando, uma perspectiva bíblica.
Cristo declarou que edificaria a Sua igreja e que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mateus 16:16-18). Não é a igreja do povo, mas sim a igreja de Cristo, “a igreja do Deus vivo” (I Timóteo 3:15) e as congregações são “igrejas de Cristo” (Romanos 16:16).
Nestes termos, a igreja desempenha um propósito divino. É a Sua vontade que não nos esqueçamos “de nos juntarmos em assembleia, como alguns o fazem” (Hebreus 12:25). A Igreja não é tão opcional como alguns possam pensar: é o desejo de Deus que os Cristãos se juntem em assembleia.
O termo Grego para igreja é ecclesia, a qual também está relacionado aos termos hebraicos para assembleia, e indica um grupo de pessoas que foram chamadas para um desígnio.
Deus tem estado sempre envolvido na criação de comunidades de fé. É Deus que junta as pessoas para dentro da Igreja.
No Novo Testamento as palavras igreja ou igrejas são usadas para descrever, aquilo a que chamamos hoje como grupos caseiros (Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:19; Filémon 2), congregações urbanas (Romanos 16:23; 2 Coríntios 1:1; 1 Tessalonissensos 1:1), as igrejas multiplicam-se por área inteira (Actos 9:31; 1 Coríntios 16:19: Gálatas 1:2), e também toda a comunidade de crentes no mundo conhecido de então (Efésios 5:25; 1 Coríntios 12:28, 14:12; Filipenses 3:16).
Daqui se conclui que igreja é um grupo ou grupos de crentes e o nome aplica-se à companhia dos fiéis. O Senhor conhece os que são Seus” 2 Timóteo 2:19), somente Ele conhece a composição da Sua igreja.
Assim como Jesus é “ o Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos” (Romanos 14:19) então a Sua igreja envolve aqueles que morreram na fé e aqueles que hão-de vir para a fé através do Espírito (Actos 2:38-39) tanto quanto os crentes do presente. Pela fé os Cristãos entram “na assembleia-geral e igreja dos primogénitos que estão registados no céu”
Se
igreja é uma ideia de Deus e não do homem, que implicações tem para si,
pessoalmente?
Reflexão
A igreja é a participação na comunhão do Pai, Filho e Espírito Santo. Os cristãos são chamados para a comunhão do Filho (1 Coríntios 1:9), do Espírito (Filipenses 2:1), com o Pai (1 João 1:3) para que andemos na luz de Cristo “ temos comunhão uns com os outros” (1:7).
Aqueles que aceitam Cristo, esforçam-se por “manter a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4:3). Embora haja diversidade entre os crentes, a sua comunhão é mais forte do qualquer diferença existente. Esta mensagem é sublinhada por uma das maiores metáforas usadas pela igreja: que a igreja é o “corpo de Cristo” (Romanos 12:5; 1 Coríntios 10:16, 12:27; Efésios 3:6, 5:30; Colossenses 1:18).
Os primeiros discípulos vieram de origens diferentes e supostamente não havia uma comunhão natural entre eles. Deus chama os crentes oriundos de todos os caminhos da vida para a comunhão espiritual.
Crentes são “membros individualmente” dentro da comunidade universal da igreja (1 Coríntios 12:27; Romanos 12:5), e esta individualidade não ameaça a nossa unidade “ em um espírito fomos todos baptizados formando um só corpo” (1 Coríntios 12:13).
Contudo, crentes obedientes não causam divisão discutindo e argumentando, egoistamente, o seu ponto de vista, preferem honrar cada membro para que “não haja divisão no corpo” e assim sendo “os membros tenham igual cuidado uns nos outros” (12:25).
“A igreja... é um organismo vivo que partilha a mesma vida, a vida de Cristo” (Jinkins 20001:219).
Paulo, também compara a igreja com “a morada de Deus em Espírito”. Ele diz que os crentes estão “edificados juntos” no qual todo o edifício cresce para templo santo no Senhor” (Efésios 2:19-22). Ele refere-se, também, a esta ideia de a igreja ser o templo de Deus em 1 Coríntios 3:16 e 2 Coríntios 6:16. Similarmente Pedro compara a igreja a “casa espiritual” na qual os crentes formam o sacerdócio real, a nação santa” (1 Pedro 2:5,9).
Reflexão De
que formas demonstra a sua preocupação por outros membros do corpo? Ajuda
ser um Cristão isolado, longe da comunidade
Partindo deste princípio a igreja era, frequentemente, classificada como um tipo de família espiritual e funcionou como tal. Os crentes eram referidos como “irmãos” e “irmãs” (Romanos 16:1; 1 Coríntios 7:15; 1 Timóteo 5:1-2; Tiago 2:15).
Através do pecado separamo-nos do propósito de Deus para nós e, tornamo-nos, espiritualmente falando, sós e órfãos. O desejo de Deus é agrupar
“Os solitários em famílias” (Salmos 68:6), para trazer aqueles que estão afastados, espiritualmente, separados da comunidade da igreja, a qual é a ”família do Senhor” (Efésio 2:19).
Nessa “família do Senhor” (Gálatas 6:10) os crentes podem ser protegidos em segurança na imagem de Cristo porque a igreja semelhante a Jerusalém (cidade da paz) (ver, também Apocalipse 21:10), é como “a mãe de todos nós” (Gálatas 4.26).
Reflexão Como nos inspira a metáfora da igreja
como família, na qual devemos funcionar como igreja? De que formas necessitamos dos nossos
irmãos e irmãs da família de Deus?
Uma imagem bíblica linda é a que a igreja é a noiva de Cristo. Através de tipologia foi aludido veladamente, em várias escrituras, incluindo a Canção de Salomão. Uma passagem chave é 2:10-16 onde o Amado diz à Noiva que o seu tempo de Inverno acabou e que agora é o tempo de cantar e festejar (ver Hebreus 2:12), e também onde a Noiva diz “ o meu amado é meu e eu sou Dele”. A igreja, ambos colectiva e individualmente, pertence a Cristo e Ele pertence à igreja.
Cristo é o noivo que “amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Efésios 5:25). Ele prepara-a, limpa-a e santifica--a para que ela se torne “na igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante” (5:27). Este relacionamento, diz Paulo, “é um grande mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da Igreja” (5:32).
João subscreve este tema no livro de Apocalipse. O Cristo triunfante, o Cordeiro de Deus, casa com a Sua Noiva, a Igreja (19:6-9,21:9-10) e juntos declaram as palavras da vida (22:17).
Existem metáforas e imagens adicionais usadas para descrever a igreja. A igreja é o rebanho que necessita de pastores cuidadosos para modelarem os seus cuidados conforme o Sumo Pastor (1 Pedro 5:1-4); é um campo onde é pedido aos trabalhadores para plantarem e regarem com amor (1 Coríntios 3:6-9); as igrejas e os seus membros individuais são como as varas de uma videira (João 15:5); a igreja é como uma oliveira (romanos 11:17-24).
Como uma reflexão do presente e do futuro do Reino de Deus a igreja é como a árvore da mostarda na qual todas as aves do ar encontram refugio (Lucas 13:18-19), e como o fermento que leveda através da massa do mundo (13:21), etc.
Reflexão Qual
a sua metáfora ou imagem favorita da igreja, e porquê?
Desde o início que Deus chamou certas pessoas, para fazer o Seu trabalho na terra. Ele enviou Abraão, Moisés e os profetas. Enviou João Batista para preparar o caminho para Jesus Cristo. Depois enviou o Próprio Cristo para ser a nossa salvação.
Ele, também, enviou o Espírito Santo para constituir a Sua igreja como veículo das boas novas. A igreja é, também, enviada ao mundo. Este trabalho de boas novas foi fundamental e cumpre as palavras de Cristo no qual ele enviou os Seus seguidores ao mundo para continuar o trabalho que Ele começou (João 17:18-21). Isto é o que “missão” significa: sendo enviado por Deus para concretizar o Seu desígnio.
A congregação não é, por si só, um fim e não deve existir só para si própria. Isto pode ser comprovado no livro de Actos, no Novo Testamento. Através do livro, a actividade principal era espalhar o evangelho através da pregação e da edificação de igrejas (Actos 6:7, 9:31, 14:21, 18:1-11, 1 Coríntios 3-6,etc).
Paulo faz alusão às congregações e a Cristãos específicos como parte da “comunhão do evangelho” (Filipenses 1:5). Que trabalham, com ele, no evangelho (4:3).
Foi a igreja na Antioquia que enviou Paulo e Barnabé nas suas viagens missionárias (actos 13:1-3).
A igreja Tessalónica “tornou-se exemplo para todos na Macedónia e Acaia”. Porque por eles suou a voz do
Senhor “ não somente na Macedónia e Acaia, mas também em todos os lugares”. A fé deles em Deus espalhou-se, de tal maneira que passou todas as fronteiras (1 Tessalonissenses 1:7-8).
Reflexão A
sua congregação vê-se como a igreja missionária? Se não, o que deve fazer
em relação a isso. O
que está a fazer para promover o evangelho de Jesus Cristo?
Paulo escreve para que Timóteo deva saber como se comportar “na casa de Deus, a qual é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade (1 Timóteo 3:15).
Por vezes as pessoas podem sentir que a sua percepção da verdade é mais válida do que o entendimento que recebeu da igreja. É provável, tendo em conta que Paulo identifica a igreja como “ a firmeza da verdade”? A igreja é onde a verdade é estabelecida através do ensinamento da Palavra (João 17:17).
Reflectindo a “plenitude” de Jesus Cristo como cabeça da Igreja “aquele que cumpre tudo em todos” (Efésios 1:22-23), a igreja do Novo Testamento estava envolvida em actos de serviço (Actos 6:16; Tiago 1:17,etc), comunidade (Actos 2:44-45; Judas12,etc), vida sacramental (Actos 2:41, 18:8, 22:16; 1 Coríntios 10:16-17,11:26) e louvor (Actos 2:46-47; Colossenses 4:16,etc).
As igrejas estavam envolvidas na assistência mútua, como demonstrado pela ajuda dada à igreja em Jerusalém numa altura de escassez de alimentos (1 Coríntios 16:1-3).
Sendo as cartas de Paulo verificadas de uma forma mais profunda, entende-se claramente que as igrejas comunicavam e estavam ligadas entre si. Nenhuma igreja existia isolada.
Estudos da vida do Novo Testamento revelam que há um exemplo de responsabilidade congregacional para com a autoridade da igreja. Cada congregação individual era responsável perante a autoridade da igreja, fora da sua própria estrutura administrativa ou pastoral mais próxima. Pode-se notar que a igreja no Novo Testamento era uma comunhão de congregações que se mantinham unidas, à tradição da fé em Cristo, através de uma responsabilidade colectiva, tal como foi ensinado pelos apóstolos (2 Tessalonissenses 3:6; 2 Coríntios 4:13).
Reflexão Se
um grupo, que reivindica ser uma igreja de Cristo, não é firmado na
verdade, pode ser chamado, realmente, uma igreja verdadeira? Que
modelo de responsabilidade existe na sua congregação?
Conclusão
A igreja é o Corpo de Cristo e consiste em todos os reconhecidos por Deus entre todas as “igrejas dos santos” (1 Coríntios 14:33). Isto é significativo para o crente, assim como a participação na igreja é o meio pelo qual o Pai nos mantém e nos preserva, espiritualmente até à segunda vinda de Jesus Cristo.
Conforme Síntese Doutrinal da Igreja de Deus Mundial
Http://www.idm.pt/doutrina/doutrina.html#A%20Igreja
A Igreja, ou seja, o Corpo de Cristo, é composto
por todos aqueles que têm fé em Jesus Cristo e nos quais habita o Espírito
Santo. A comissão da Igreja é a de pregar o evangelho, ensinar tudo aquilo que
Cristo ordenou que fosse ensinado, baptizar e apascentar o rebanho composto
pelos crentes. No cumprimento da sua missão, a Igreja é dirigida pelas Sagradas
Escrituras, guiada pelo Espírito Santo e olha continuamente para Jesus Cristo,
a sua Cabeça vivente.
(1 Coríntios
12:13; Romanos 8:9; Mateus 28:19-20; Colossenses 1:18; Efésios 1:22; Actos
2:1-47)
Bibliografia
Ver literatura da IDM em:
http://www.idm.pt/doutrina/doutrina.html e
http://www.idm.pt/artigos/artigos.html
barth,
Karl. The Faaith of the Churc: a commentary on the Apostles’ Creed according to
Calvin’s Catechism.1958. USA: Living Age Books.
Jinkins,
Michael. 20001. Invitation to Theology. USA: Inter Varsity Press.